Como já anunciamos na postagem anterior, no final do ano letivo de 2011 a
equipe que participou do Projeto se reuniu para avaliar o processo vivido na
execução do mesmo. Entre os limites e
possibilidades encontradas ao longo do percurso, o grupo avaliou como sendo uma
proposta artística, pedagógica e formativa não apenas para aqueles diretamente
envolvidos no Projeto, mas para toda a Instituição como extremamente válida.
Assim, foi acordada a continuidade do projeto em 2012.
Considerando
a indicativa de prosseguimento do projeto, a equipe ponderou a construção de
procedimentos metodológicos e estudos teóricos que focassem em 2012 as crianças pequenininhas, ou seja, de 0 a 3 anos de idade e que atualmente compõem o
Módulo I do NDI. Quais os motivos desta escolha? Aqui destacamos três
argumentos que orientaram tal seleção: a) a faixa etária 0 a 3 é a que menos
conhecemos a fundo suas possibilidades de experimentações-criação em projetos
de intervenção artística em suportes de
grandes dimensões como o muro; b) desafio do grupo de professores e
coordenadores do projeto em estudar e projetar intervenções sistemáticas de sensibilização
infantil com a materialidade selecionada (a terra) até a intervenção direta
sobre o suporte final em foco (o muro); c) apresentar a comunidade do NDI – na
composição expressiva visual do muro – diversas possibilidades de intervenções
artísticas e lúdicas privilegiando diferentes linguagens e criações infantis
desde a mais tenra idade. Somam-se a estas considerações os princípios
expressos no Artigo 6º da Resolução CNE /CEB 5 /2009 sobre os quais nosso também se sustenta[1].
Nesta
direção, a equipe coordenadora do Projeto ligada diretamente ao NDI realizaram no
início de Fevereiro de 2012 as primeiras conversas com as professoras Lígia Santos e Josiana Picolli
que atuam com os bebês no Módulo I em períodos opostos. Assim o projeto envolveria bebês presentes nos dois turnos de
funcionamento deste Módulo e trabalharia diretamente crianças na faixa etária
de 2 anos a 2 anos e 11 meses. Ambas as professoras de forma entusiasmada e
imediata aceitaram e passaram a conhecer os meandros do Projeto na primeira
reunião coletiva da equipe em 19 de março deste ano no Centro de Ciências da Educação - Departamento
de Metodologia de Ensino. Neste encontro, o grupo acordou que a proposta de
trabalho ao longo do ano tivesse como foco as experiências das crianças com o
elemento terra, as provocações da matéria, as experimentações e brincadeiras
dos bebês com esta materialidade. Também nesta ocasião tecemos os
objetivos para o Projeto neste ano:
- promover experiências sensíveis e a criação poética entre os
bebês, as professores(as) e servidores técnicos administrativos do NDI da UFSC,
tendo como suportes privilegiados de intervenção artística os muros da
instituição;
- fortalecer e expandir as experiências estéticas, as forças da imaginação e da criação poética dos bebês no campo das artes visuais, oportunizando experiências sensíveis com a materialidade terra, assim como ampliando e diversificando seus encontros com a arte
e produção artística na linguagem da pintura e da modelagem;
- alargar e aprofundar os estudos teóricos e metodológicos no campo da arte (em especial, a contemporânea), da educação estética e criação poética na primeira infância, da imaginação, assim como consolidar e ampliar as discussões e a construção sistemática de práticas pedagógicas que orientam as experiências sensíveis
e a produção plástica das crianças
pequenininhas no contexto de educação infantil;
- exercitar o processo de documentação pedagógica como instrumento indispensável da prática docente e a partir dele, divulgar as experiências sensíveis e os processos criações poética das crianças a fim de que as famílias dos bebês possam acompanhar e participar do processo, assim como toda comunidade interna e externa do NDI[2].
Assim,
convidamos a todos(as) a acompanharem em 2012 nossas proposições estéticas,
artísticas e lúdicas com os bebês. A embarcarem em nossas experimentações,
aventuras, criações e descobertas pelos meandros dos encontros com a terra em
suas infinitas variações.
PRIMEIRAS PROVOCAÇÕES-EXPERIMENTAÇÕES:
Ranhuras e sensações: descobrindo a placa de barro
28/03/2012 - Grupo da professora Josiana
No preparo da placa de barro mole no parque, crianças de outros grupos são instigadas a tocar, experiementar a moleza da matéria a dialogar com os adultos sobre a estranheza da presença dessa placa e as sensações, as maravilhas provadas pelo toque.
O encontro dos bebês com a moleza do barro mediado pela professora:
“[...]
a modelagem em seus primeiros tateamentos, quando a matéria se revela como um
convite para modelar, quando a mão sonhadora usufrui as primeiras pressões construtivas”
[1] Sobre o assunto leia o item
“Como nasce este projeto” presente neste
blog.
[2]
Este objetivo dá sequência aos trabalhos desenvolvidos em 2011. Se desejarem saber mais sobre documentação pedagógica no contexto da educação infantil indicamos a leitura de: GANDINI,
Lella e GOLDHABER, Jeanne. Duas reflexões sobre a documentação. In:GANDINI,
Lella e EDWARDS, Carolyn (orgs.) Bambini:
a abordagem italiana à educação Infantil. Porto Alegre: Atmed, 2002,
p.150-169. Assim como a leitura de: DAHLBERG, Gunilla, MOSS, Peter e PENCE, Alan. Documentação
pedagógica como processo para encorajar uma prática pedagógica reflexiva e
democrática. In:___.Qualidade na Educação
da Primeira Infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Artmed, 2003,
p. 189-207.
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