domingo, 6 de maio de 2012

Em 2012 os bebês fazem arte no muro


Como já anunciamos na postagem anterior, no final do ano letivo de 2011 a equipe que participou do Projeto se reuniu para avaliar o processo vivido na execução do mesmo.  Entre os limites e possibilidades encontradas ao longo do percurso, o grupo avaliou como sendo uma proposta artística, pedagógica e formativa não apenas para aqueles diretamente envolvidos no Projeto, mas para toda a Instituição como extremamente válida. Assim, foi acordada a continuidade do projeto em 2012. 

Considerando a indicativa de prosseguimento do projeto, a equipe ponderou a construção de procedimentos metodológicos e estudos teóricos que focassem em 2012 as crianças pequenininhas, ou seja, de 0 a 3 anos de idade e que atualmente compõem o Módulo I do NDI. Quais os motivos desta escolha? Aqui destacamos três argumentos que orientaram tal seleção: a) a faixa etária 0 a 3 é a que menos conhecemos a fundo suas possibilidades de experimentações-criação em projetos de intervenção artística em suportes de grandes dimensões como o muro; b) desafio do grupo de professores e coordenadores do projeto em estudar e projetar intervenções sistemáticas de sensibilização infantil com a materialidade selecionada (a terra) até a intervenção direta sobre o suporte final em foco (o muro); c) apresentar a comunidade do NDI – na composição expressiva visual do muro – diversas possibilidades de intervenções artísticas e lúdicas privilegiando diferentes linguagens e criações infantis desde a mais tenra idade. Somam-se a estas considerações os princípios expressos no Artigo 6º da Resolução CNE /CEB 5 /2009 sobre os quais nosso  também se sustenta[1]

Nesta direção, a equipe coordenadora do Projeto ligada diretamente ao NDI realizaram no início de Fevereiro de 2012 as primeiras conversas com as professoras Lígia Santos e Josiana Picolli que atuam com os bebês no Módulo I em períodos opostos. Assim o projeto envolveria bebês presentes nos dois turnos de funcionamento deste Módulo e trabalharia diretamente crianças na faixa etária de 2 anos a 2 anos e 11 meses. Ambas as professoras de forma entusiasmada e imediata aceitaram e passaram a conhecer os meandros do Projeto na primeira reunião coletiva da equipe em 19 de março deste ano no Centro de Ciências da Educação - Departamento de Metodologia de Ensino. Neste encontro, o grupo acordou que a proposta de trabalho ao longo do ano tivesse como foco as experiências das crianças com o elemento terra, as provocações da matéria, as experimentações e brincadeiras dos bebês com esta materialidade.  Também nesta ocasião tecemos os objetivos para o Projeto neste ano:

 - promover experiências sensíveis e a criação poética entre os bebês, as professores(as) e servidores técnicos administrativos do NDI da UFSC, tendo como suportes privilegiados de intervenção artística os muros da instituição;

- fortalecer e expandir as experiências estéticas, as forças da imaginação e da criação poética dos bebês no campo das artes visuais, oportunizando experiências sensíveis com a materialidade terra, assim como ampliando e diversificando seus encontros com a arte
 e produção artística na linguagem da pintura e da modelagem;

- alargar e aprofundar os estudos teóricos e metodológicos no campo da arte (em especial, a contemporânea), da educação estética e criação poética na primeira infância, da imaginação, assim como consolidar e ampliar as discussões e a construção sistemática de práticas pedagógicas que orientam as experiências sensíveis
 e a produção plástica das crianças pequenininhas no contexto de educação infantil;

- exercitar o processo de documentação pedagógica como instrumento indispensável da prática docente e a partir dele, divulgar as experiências sensíveis e os processos criações poética das crianças a fim de que as famílias dos bebês possam acompanhar e participar do processo, assim como toda comunidade interna e externa do NDI[2].

 Assim, convidamos a todos(as) a acompanharem em 2012 nossas proposições estéticas, artísticas e lúdicas com os bebês. A embarcarem em nossas experimentações, aventuras, criações e descobertas pelos meandros dos encontros com a terra em suas infinitas variações. 

 PRIMEIRAS PROVOCAÇÕES-EXPERIMENTAÇÕES:

Ranhuras e sensações: descobrindo a placa de barro
28/03/2012 - Grupo da professora Josiana

  No preparo da placa de barro mole no parque, crianças de outros grupos são instigadas a tocar, experiementar a moleza da matéria a dialogar com os adultos sobre a estranheza da presença dessa placa e as sensações, as maravilhas provadas pelo toque.

O encontro dos bebês com a moleza do barro mediado pela professora:


 
“[...] a modelagem em seus primeiros tateamentos, quando a matéria se revela como um convite para modelar, quando a mão sonhadora usufrui as primeiras pressões construtivas” 
 (BACHELARD, 2001, p.76).


Mãos e pés no barro, quem vai querer?
29/03/2012 - Grupo da professora Lígia


“A amassadura é, em certos ângulos, a antítese da modelagem. Tende a destruir as formas”
(BACHELARD, 2001, p.75-76).



[1] Sobre o assunto leia o item “Como nasce este projeto”  presente neste blog.
[2] Este objetivo dá sequência aos trabalhos desenvolvidos em 2011. Se desejarem saber mais sobre documentação pedagógica no contexto da educação infantil indicamos a leitura de: GANDINI, Lella e GOLDHABER, Jeanne. Duas reflexões sobre a documentação. In:GANDINI, Lella e EDWARDS, Carolyn (orgs.) Bambini: a abordagem italiana à educação Infantil. Porto Alegre: Atmed, 2002, p.150-169. Assim como a leitura de: DAHLBERG, Gunilla, MOSS, Peter e PENCE, Alan. Documentação pedagógica como processo para encorajar uma prática pedagógica reflexiva e democrática. In:___.Qualidade na Educação da Primeira Infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Artmed, 2003, p. 189-207.