segunda-feira, 16 de abril de 2012

Caminhos percorridos

Olá pessoal!

No ano de 2011 começamos a compartilhar com vocês a história do nosso projeto artístico-pedagógico construído e desenvolvido junto com as crianças de 5 a 6 anos de idade no NDI e, para não deixá-los sem notícias do que fizemos antes de iniciarmos a contar o que pretendemos fazer este ano,  apresentamos a seguir algumas imagens do  trabalho realizado. Esperamos que curtam e se desejarem saber mais, escrevam para nós!

Experimentando, descobrindo o pintar na vertical com rolinhos e pincéis: 

Nestas experimentações emergiram figurações que hoje encontramos na composição final do trabalho no muro.
Aqui, a Vania apresentando e experienciando com as crianças o fazer artístico com o rolinho de cabo longo, muito longo... para a pintura em papel, paredes, muros e muito mais.

 

Experiências e brincadeiras com tintas: primeiros diálogos entre o artista e as crianças


 Após a conversa e o passeio pelos jardins do NDI com o Rafael (artista convidado do projeto) observando e descobrindo as cores, formas, cheiros e animais que vivem neste espaço as crianças foram convidadas a criarem suas primeiras linhas, figurações sobre o papel preso ao muro onde, mais tarde, iriam de fato pintar. Neste momento, uma das meninas do Grupo 6 matutino fala abraçada ao pincel cheio de tinta: - "Estou pronta para colocar o meu coração no papel"!

"Compreender que o dinâmico experimental dos fazeres plásticos permite à criança constituir suas possibilidades de interpretar supõe investir naquilo que especifica o campo das artes visuais: a produção plástica só pode ter existência visual pela mão que imagina e figura ao transformar distintas materialidades para configurar significados na interlocução cultural" (RICHTER, 2004, p.44).

Diálogos com a produção de grafites presentes nas ruas, avenidas, muros e construções da Ilha (Florianópolis), do continente (São José, Palhoça), do país e fora dele


A equipe do projeto gostaria de ter levado as crianças a passearem pelas ruas e avenidas da Ilha para encontarem os grifites por elas espalhados, para que pudessem ter um encontro direto com as obras. No entanto, esse foi um dos propósitos que não conseguimos realizar, mas nem por isso as crianças ficaram sem visualizar imagens de diversos artistas e seus trabalhos pelos muros daqui e de terras distantes. As imagens anteriores, são de uma proposição de visualização de grafites organizada pelas professoras dos Grupo 6 vespertinos e a arte educadora da instituição.

Grafites encontrados ao longo da rua Lauro Linhares (Bairro Trindade, Floripa, 2011)



Confira os trabalhos de Rafael Lemmas (nosso artista convidado), é só clicar :



Os Gêmeos - grafiteiros

Descubra os trabalhos desses artistas brasileiros, é só clicar:


Bienal Internacional do Graffiti  Fine Art - Belo Horizonte

 
Click sobre a imagem e saiba mais sobre este evento, sobre os artistas e suas produções,
brinquede, crie seu grafite sobre o muro virtual!


Os grafiteiros da Ilha em ação e as crianças do NDI
em momentos de fruição
( intervenção na Concha Acústica da UFSC no UFSCTOK, 2011)


 Fazendo arte no muro: crianças e artistas - num sonhar-fazer de cores


 

"Ante a mancha de cor, a criança reage de modo distinto do desenhar. A cor toca o ser dinâmico das coisas, expondo-a como eterna fluidez e mudança, um enigma sensorial quase mágico, onde nada é fixo no constante movimento do gesto sobre as cores" (RICHTER, 2004, p.49).


"Pela produção pictórica as coisas nascem coloridas, nascem pela ação mesma da cor. A criança exercita as possibilidades lúdicas de poder escolher, a partir da ção provocativa da cor, a produção de mundos. Mundos afetivos. Por essa escolha, atinge a cor desejada, essa cor combatida, tão diferentes da cor aceita, da cor copiada" (RICHTER, 2004, p.50).

"A criança pinta para jogar construtivamente com o elemento que define a visualidade, a cor. O conhecimento da cor é fundamental, e sua prática envolve o exercício cultural de ver, principalmente por ser possibilidade de interpretar e interrogar o visto, valorando o vivido" 
(RICHTER, 2004, p.57).

Pinceladas finais... ou o começo para novas aventuras

Em dezembro de 2011, num sábado ensolarado, as crianças junto com suas famílias acompanham as "pinceladas" finais que configuram a arte no muro ao longo do ano que passou. Nesta etapa do processo de criação, Rafael - impulsionado pelas forças da imaginação criadora, pelas experiências compartilhadas com crianças e seus professores, pelos seus modos infantis de figuração, pelas falas e gestos plenos de ludicidade e cor das crianças, seus movimentos e sonhos, assim como pelo seu próprio processo de criação na linguagem do grafite - trabalha sobre a superficie do muro colorida pelas crianças. Aqui, por empregar tintas especiais para o trabalho com grafite, as crianças acompanharam o processo de criação e não atuaram em conjunto com o Rafael como a conteceu ao longo do ano.

 

  e para as crianças...a aventura continua!!

(cenas registradas após a finalização do projeto)


" Articular a arte à educação implica amplificar possibilidades de experiências distintas na produção de si e de mundos, pois sua condição é a da abertura à pluralidade de experiências que a convivência pode promover. Abertura que supõe sempre a liberdade no ato de interpretar e realizar"
[...]
" Este é o compromisso da arte na educação desde a infância: educar a sensibilidade para que cada criança possa jogar com os possíveis do humano no espaço e tempo de sua cultura". (grifos meus)
(RICHTER, 2004, p.20-21)

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RICHTER. Sandra S. Criança e pintura: ação e paixão do conhecer. Porto Alegre: Mediação, 2004. 

BRANDÃO, Cláudia Mariza Mattos. (Re)Lendo o espaço nas ondas imaginárias do graffiti: contribuições para uma arte/educação contemporânea. In: Anais da 33ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED). Caxambu, MG, 2010. Disponível em: http://www.anped.org.br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em%20PDF/GT24-6075--Int.pdf  Acessado em: 12/11/2010.

LARA, Arthur. Graffiti (grafite): arte urbana em movimento. Dissertação de Mestrado. São Paulo. USP, 2006.

LARROSA BONDÍA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. In: Revista Brasileira de Educação – ANPED, Jan/Fev/Mar/Abr 2002 n.º 19, p. 20-28. 

LAZZARIN, Luiz F. Cultura e movimento grafite: identidades negociadas nos muros de Boa Vista. Disponível em: http://www.ulbra.br/3sbece/luizfz.pdf  Acessado em: 24/11/2010.

NEMER, José Alberto. A criança de sempre – o desenho infantil e sua correspondência na busca do artista adulto. UNICEF/ Fundação Banco do Brasil/ Fundação Cidade da Paz, 1988.

RAMOS, Cleia Maria Antonacci. Grafite & pichação: por uma nova epistemologia da cidade e da arte. In: Anais do 16º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores de Artes Plásticas – Dinâmicas Epistemológicas em Artes Visuais, Florianópolis, SC, 2007.

SOUZA, David da Costa Aguiar de. O olho ocidental e o gosto: uma abordagem sociológica acerca do processo de legitimação do graffiti enquanto manifestação artística. In: Anais do XIV Congresso Brasileiro de Sociologia – GT24- Sociologia da Arte, 2009.

SCHULTZ, Valdemar. Pichação e grafite: reverberações educacionais. In: Anais da 33ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED). Caxambu, MG, 2010. Disponível em: http://www.anped.org.br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em%20PDF/GT24-6075--Int.pdf  Acessado em: 12/11/2010.

SPINELLI, Luciano. Pichação e comunicação: um código sem regras. In: LOGOS26: comunicação e conflitos urbanos. Ano14, 1º semestre, 2007, p.111-121.